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domingo, 13 de julho de 2008

Sim eu quero (Mt 13,1-23) (13/07/08)


SIM, EU QUERO!


Caríssimos,

        no domingo passado vimos que o clima entre Jesus e os chefes de Israel estava ficando quente. De certo modo, continuaremos refletindo sobre essa hostilidade contra Jesus nos próximos domingos. Jesus usará de uma série de parábolas (estórias, contos comparativos) para mostrar o que é o Reino de Deus e como ele já está presente e manifestando-se entre o povo, através de sua própria pregação e ação.

        Dois grupos são destacados: a multidão que escuta e não compreende (por causa de sua recusa voluntária) e os discípulos a quem Deus concede a inteligência do Reino (o conhecimento dos mistérios do Reino dos céus é um dom de Deus, concedido somente àqueles que acolhem a Palavra, a mensagem de Jesus).

        Situando o texto no contexto e usando um pouco de imaginação não é difícil entendermos porque Jesus inicia essa série de parábolas sobre o Reino. Era pensamento comum em Israel que o Messias enviado por Deus viria como um grande General, líder de um grande exército, que esmagaria os inimigos com poder e glória e muito derramamento de sangue, libertando a todo o povo da tirania dos opressores (na época de Jesus: império romano). Até o precursor, João Batista, imaginava a vinda do Messias como um acontecimento glorioso, precedido pela eliminação total dos pecadores (veja Mt 3,11ss). Contudo, a crescente hostilidade contra Jesus, vinha tornando o clima cada vez mais quente e o Cristo não demonstrava nenhuma das características ansiosamente aguardadas pelo povo. Diante disso, à primeira vista, a missão de Jesus parecia estar fracassando e os discípulos estavam ficando temerosos e preocupados, a ponto de repetirem em seus corações a mesma pergunta do Batista: será esse mesmo o Messias ou devemos esperar por um outro? (cf Mt 11,13). É exatamente nesse contexto que Jesus começa a contar essas parábolas. Seu objetivo é reanimar e encorajar os seus discípulos mostrando que, apesar das forças em contrário que provocam desilusão e descrença, o Reino já está entre eles! Não obstante os obstáculos criados pelos chefes do povo e a aparente insignificância de sua obra, Deus, por meio dela, está atuando e fazendo crescer o seu Reino entre os homens. Então, vale a pena escutar e acreditar no que Jesus diz porque, com Deus, a vitória estará garantida!

        Na parábola de hoje Jesus coloca-se a si mesmo como a semente que o semeador, Deus Pai, espalha sobre a terra. Nem todos os textos são fiéis quanto a esses versículos pois o certo seria escrever "palavra" com "P" maiúsculo como nos originais. Se você pegar a Bíblia de Jerusalém que foi traduzida diretamente dos originais, verá que nela, Palavra foi escrito corretamente, com "P" maiúsculo. No grego o termo que aparece em Jo 1,19 e em Mt 13,14 é o mesmo, a saber, logon ou logos (logon ou logos) que significa Palavra, Verbo, mas enquanto traduz a pessoa de Jesus: "E a Palavra se fez carne a habitou entre nós!" Você pode dizer que isso é apenas um detalhe, mas é um detalhe que muda tudo, isto é, Jesus é a Palavra que o Pai enviou ao mundo. Ele a espalha por toda a terra, mas nem todos os terrenos a acolhem. Agora você começa a entender por que Jesus fala em parábolas e a quem ele quer atingir com este ensinamento: os chefes do povo são terrenos que entre espinhos ou pedras ou outras suscetibilidades, não acolhem a Palavra de Deus, isto é, o próprio Jesus. Como a coisa já estava meio séria, Jesus dá uma de Caetano Veloso ou Gilberto Gil durante a ditadura militar e, nas entrelinhas, manda seu recado através dessa parábola: o Pai é maravilhosamente bom, não poupa a Semente e a espalha em todo tipo de terreno. Nos terrenos que estão prontos para recebê-la, os frutos são abundantes, muito acima de qualquer expectativa!

        Veja como é engraçado! Se um agricultor ou um grande produtor rural ouvir essa parábola sem considerar o que dissemos até agora pode até pensar que Deus não entende nada de lavoura. Pôxa, como pode jogar dinheiro fora, gastando semente em terreno sem condições de plantio? Aqui vem a prmeira grande lição da parábola no tocante ao Reino dos Céus: DEUS NÃO PENSA COMO NÓS HOMENS E APOSTA TODAS AS FICHAS MESMO ONDE AS CHANCES SÃO MÍNIMAS DE COLHER FRUTOS PORQUE NÃO ESTÁ PREOCUPADO COM O MATERIAL, MAS COM A SALVAÇÃO DE SEUS FILHOS QUERIDOS! Veja que o Pai está sacrificando e de certa forma, jogando fora a Semente que é seu próprio Filho! Pense irmão, pense irmã: o Pai lançou seu Filho, de condição divina, neste mundo. Ele viveu e morreu por você (porque se a semente de trigo não morrer ficará só, mas se morrer dará muitos frutos cf. Jo 12, 24) e quantas vezes você o tem desperdiçado, tem feito com que essa valiosa Semente encontrasse espinhos, pedras, terra seca!!! Está na hora de você limpar o mato de pecados de seu coração, remover as pedras de situações mal resolvidas pelo perdão, colocar fogo em tudo aquilo que não presta, adubá-lo com a humildade que reconhece em Deus sua única realização possível, para que quando a Semente "cair", você possa dar frutos abundantemente (...e os frutos do Espírito são: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança, domínio próprio..." cf. Gálatas 5:22,23). Porque, irmão, essa Semente foi enviada do céu para você e assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e para a alimentação, 11assim a Palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la" (Is 55,10).

Tome agora uma decisão confiando na graça do Senhor! Não desperdice mais seu tempo e o tempo e amor de Deus por você! Retorne a Ele abrindo sinceramente seu coração. Acolha a Semente que é o Cristo e escutando sua Palavra torne-se plantação frondosa e verdejante que enche o mundo tão necessitado de frutos em abundância!

 

Sim eu quero que a luz de Deus que um dia em mim brilhou,

jamais se esconda e não se apague em mim o seu fulgor.

Sim eu quero que o meu amor ajude o meu irmão

a caminhar guiado por tua mão. Em tua lei, em tua luz, Senhor!

 

Humberto Selau Inácio

humberto@ciser.com.br

www.reflexaoliturgiadiaria.blogspot.com

 

CURIOSIDADE: Durante a ditadura militar (1964-1985) qualquer manifestação ou organização feita para questionar a situação política da época era censurada. As pessoas que se opunham eram exiladas, mortas ou, simplesmente, desapareciam. Os músicos desse período, então, se utilizaram de metáforas para criticar o modo como o governo estava conduzindo as coisas. No link abaixo você pode ver a letra da música "Cálice" de Chico Buarque que reflete esse estilo.

http://letras.terra.com.br/chico-buarque/45121/ 

 


Sim, eu quero

Pe. Jonas Abib


 

Sim eu quero que a luz de Deus que um dia em mim brilhou,

jamais se esconda e não se apague em mim o seu fulgor.

Sim eu quero que o meu amor ajude o meu irmão

a caminhar guiado por tua mão. Em tua lei, em tua luz, Senhor!

 

Esta terra, os astros, o sertão em paz,

esta flor e o pássaro feliz que vês,

não sentirão, não poderão jamais viver

esta vida singular que Deus nos dá.

 

Em minh'alma cheia do amor de Deus,

palpitando a mesma vida divinal,

há um resplendor secreto do infinito Ser,

há um profundo germinar de eternidade.

 

Quando eu sou um sol a transmitir a luz

e meu ser é templo onde habita Deus

todo o céu está presente dentro de mim,

envolvendo-me na vida e no calor.

 

Esta vida nova, comunhão com Deus,

no batismo aquele dia em recebi;

vai aumentando sempre e vai me transformando

até que Cristo seja todo o meu viver.



Humberto Selau Inácio

humberto@ciser.com.br

www.reflexaoliturgiadiaria.blogspot.com



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